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Madrid, 20 de Agosto de 2007

Começar um interrail não é difícil. É fundamental ter uma ideia daquilo que se quer ver, encher uma mochila com o extremamente essencial, tendo em mente que vamos passar vinte e dois dias com ela às costas, trazer à tona o aventureiro mais ou menos parvo que temos dentro de nós e partir em direcção ao desconhecido. Comecei o meu na manhã do dia vinte de Agosto, levando na bagagem memórias de um verão inesquecível, deixadas por pessoas que, quando querem - e quando eu deixo - sabem como me deixar com o coração derretido nas mãos.



Cheguei com a Ana a Madrid por volta das 13h, depois de um voo com um piloto que parecia estar com medo de aterrar o avião. O aeroporto de Las Barajas é enorme e com um ar de velho, mas as Espanholas são um óptimo motivo para se estar lá. Apanhamos o metro para a estação de comboios de Chamartin, reservamos o nosso bilhete para Paris que partia às 19h e partimos para desbravar o centro da capital espanhola.



Madrid pareceu-se muito com Lisboa, com a esmagadora diferença de estar no meio do Deserto, sem rio e mar que desfaça a minha claustrofobia de cada vez que estou numa cidade assim, fruto de morar numa cidade que me deixa ver água sem fim a cada dia que passa. Contudo, gostei do passeio que demos por uma Madrid escaldante. Prédios imponentes, misturados com ruelas acolhedoras, praças recheadas de turistas e parques onde os joggers fazem o gosto às pernas. Encontrei dois sem-abrigo que tocavam harmónica, um deles já tinha estado em Portugal, numa história mirabolante que no seu espanhol madrileno misturava alto mar, saltos de um barco e vidas felizes para os lados de Lisboa. Quando nos demos por satisfeitos, e depois de ter bebido a primeira das incontáveis cervejas que tenho experimentado no último mês, rumamos novamente à estação, onde meti conversa com um alemão chamado Gero que, como nós, ia para Paris e que, coincidência das coincidências, ia lá passar o seu dia de anos, tal como a Ana, no dia 22. Números de telefone trocados, fomos ver o que nos esperava dentro do comboio.



Às sete da tarde, numa “leiteira” (nome carinhoso com que apelidamos o compartimento de seis camas que partilhamos com duas simpáticas senhoras de idade francesas e um casal de namorados espanhóis que vinham das Caraíbas), adormeci sem antever o que me esperava nos dias seguintes. Depois do comboio terminar pela manhã a sua marcha numa Handaye com muita chuva, de tomarmos um simpático pequeno-almoço francês e de fazermos o transbordo para um espantoso (só visto) TGV, rumamos a Paris.
Tinha começado a maior viagem da minha vida.

2 Comments:

Blogger Menina Limão said...

quando vim cá a primeira vez, o post ainda não tinha fotos...que valente surpresa.:)

olá :))

(o outro blog morreu?)

September 21, 2007 at 2:07 AM  
Blogger Pearl said...

Deve ter sido mesmo uma viagem e tanto... continua a contá-la... quase que se consegue viver também, pelas tuas descrições... ;)

September 21, 2007 at 11:39 AM  

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