#13

Budapeste, 4 e 5 de Setembro de 2007

Saí de Mostar quando o relógio mostrava as seis e meia da tarde. Cheguei a Sarajevo às nove da noite. Vinte minutos depois, partia para Zagreb, onde despertava por volta das sete da manhã e de onde partia às sete e vinte. Pelo meio, muito se dormiu, viu-se chouriços e pão serem apreendidos por guardas alfandegários, cambaleou-se pela estação de Zagreb de ar ensonado, chinelos nos pés e sapatos das mãos, envolvido no calor e conforto de um saco cama que por vezes se mostrava como o melhor amigo de um viajante. Por volta das duas e meia da tarde, já me encontrava em Budapeste.



Depois de todo o calor que nos tinha acompanhado por todo o Interrail, excepção feita a uma Paris chuvosa como um doce duche pela manhã e à glacial mas sempre apaixonante Sarajevo, foi com muitas nuvens e chuva que chegamos em Budapeste. Certamente por isso, a minha imagem da cidade ficou condicionada a um céu cinzento que não sabia envolver a perfeição e excelência que cada canto escondido da capital do Leste Europeu nos tem para oferecer. Não obstante da chuva, a entrada em Budapeste impressiona, a cidade envolve-nos com facilidade, por entre a sua mistura de um imperialismo Parisiense e um ambiente Londrino, extremamente fácil de nos encantar. Um parlamento inspirado em Westminster, avenidas sem fim onde se podem contar tantos carros como zonas arborizadas, pequenos parques de um verde especial, cercados por edifícios construídos pela riqueza de um império Austro-húngaro que ainda se vive na capital da Hungria. Ruas para pedestres com lojas para todos os gostos, galerias comerciais ao estilo de Milão, uma população cosmopolita que se veste à Parisiense mas onde a roupa esconde corpos e caras que, com certeza, deixam muito Húngaro sem dormir noites a fio. À noite, num dos muitos restaurantes decorados com um bom gosto impecável, comi o primeiro bife tártaro da minha vida. Deliciei-me.



Vidros escuros, chão negro pintado de nuances brancas, sofás de veludo, papel de parede com um motivo preto e castanho, cadeiras azul-turquesa, candeeiro com plumas pretas, rosas brancas em cada mesa, drum&bass a criar o resto do ambiente, eis o bar onde tomei um pequeno mas delicioso pequeno-almoço. Apesar de gostar sítios mais confortáveis, onde possa por um dos pés por baixo do meu corpo, onde não me tenha que sentir observado a todo o momento, onde a minha má educação não venha ao de cima, foi com um extremo agrado que ali comi pela manhã, dando graças a quem tornou Budapeste numa capital, por ora, extremamente barata.



Pelo resto do dia, manso graças a um pequeno projecto de constipação, decidimos fazer uma visita guiada pela cidade, num daqueles autocarros turísticos. Foi a minha primeira vez em tal preparo, uma vez que geralmente prefiro andar e descobrir as coisas por mim mesmo, mas não há como ficar indiferente a um senhor velhinho que conta, com os seus textos de certo repetidos até ao infinito em inglês e alemão, histórias de Budapeste e da sua vida à medida que percorre cada uma das ruas da cidade. Durante o resto do dia, depois de um fantástico Goulash, choveu como se fosse o último dia em que podia chover nesta terra de interrailers e viajantes sem destinos, mas mesmo assim a imponência e a energia da bela Budapeste acompanharam-nos sempre, fazendo-nos esquecer que em quatro dias, o interrail chegaria ao fim.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Great work.

November 12, 2008 at 9:23 AM  

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