#37

Nuremberga, 10 de Janeiro de 2008

Até agora não fui rapaz de comentar notícias nestes textos, mas como a alternativa é falar de drogas e sexo - o que ao momento, dada a assiduidade com que a minha família me lê, em nada se parece com uma solução - resolvi quebrar barreiras, saltar por cima de arbustos, ervas daninhas, lixo tóxico e afins, e tudo para dizer o seguinte. A partir do momento em que leio aqui que um maçarico-de-bico-direito está a por em causa a construção do novo aeroporto - que agora, ao que parece, já é na margem dos camelos - torna a minha tristeza por voltar ao nosso acarinhado país uma questão demasiado simples para ser confrontada com porquês e derivados. A sério. Maçarico de bico direito? É que estamos sempre a aprender. E a esquecer, em nome de uma boa saúde mental.



Foi algo de estranho o que aconteceu hoje. Estávamos a meio de uma aula, eu estava a expressar a minha opinião reservada sobre aquilo que vou fazer nos meses ou par de anos que se seguem. Tentava explicar a todos o que é muito simples de explicar. "Porque não sei, de facto, o que quero ser quando for grande". E não foi estranho o ter dito isto a um mar de desconhecidos, nem se quer à simpática professora que me ouvia. Inquietante foi a resposta dela, também para a turma toda ouvir, de que o que na ideia eu deveria fazer era tirar um Doutoramento dentro da minha área de estudos e vir para esta Universidade dar aulas. Que ela me gostava de ter aqui. Ela é, ou vai ser, a próxima vice-reitora. Sabem, sei como sou, se visse algum fundamento plausível neste desabafar de palavras nunca me daria ao trabalho de as pôr aqui. Nunca falo daquilo que sei que vai acontecer, só das possibilidades que deixo para trás. E esta há de ser uma delas porque, como lhe tentei explicar, o rapaz comunicativo e simpático que ela conhece não foi fadado para dar aulas. Aulas relacionadas com o meu curso, pelo menos. Bom, mas o estranho aqui é mesmo ter ouvido algo vindo de uma pessoa extremamente ponderada que me apanhou completamente de surpresa. Disse-o com uma sinceridade que me desarmou, deixou-se disponível para eu falar com ela sempre que quisesse, durante os próximos anos, caso achasse que era uma coisa em que devia apostar. Nunca o vou fazer, apesar de que acho que é neste ano de 2008 que devia apostar nos postais e telefonemas de natal para nunca perder o contacto de tanta gente boa que conheci. Não obstante, ouvir alguém confiar em nós de uma maneira tão livre como ela o fez foi algo que me marcou o dia. Escrevi-lhe isso na nota que tínhamos de dar como feedback à disciplina em questão. É uma pessoa que dá prazer ouvir falar, de entender como leva a vida de uma forma tão comprometida e, ainda assim, feliz. Nada vai mudar nas minhas convicções à cerca de quem sou e do que poderei fazer, mas penso que hoje, pela primeira vez, senti convicção fundamentada nas minhas capacidades, nas capacidades do murcão irresponsável e trapalhão que conheces. Foi bom, e fica aqui para me aumentar o ego e fomentar a auto-absorção que é este blog e que, regra-geral, são os meus pensamentos. Juro que agora me apetecia falar de sexo e drogas leves. Um pouco de álcool também. E porque não de café e música popular, para juntar tudo no mesmo saco. Para dizer a verdade, até já tenho o texto escrito e, digo-vos, a ideia dava um livro daqueles de qualidade pouco duvidosa. Mas acho que a minha mãe e o meu pai não iam encarar a conversa com grande facilidade e felicidade. Eles que me digam, se quiserem. Um abraço, e feliz ano novo.

2 Comments:

Blogger Helena Borges said...

e já és um engenheiro de nível mt superior a partir do momento em que sabes o que vou fazer nos últimos três meses que vou ter cm estudante universitária =)

Se qd fores grande, fores a mm pessoa que és agr já é óptimo... independentemente do que vais fazer na vida...

:* (faz de conta que este tb fica vermelho)

January 10, 2008 at 1:50 PM  
Anonymous Anonymous said...

zéééééééééé!!!
(:
:) ********* ;)

January 16, 2008 at 10:19 PM  

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